quarta-feira, 9 de outubro de 2013

A juventude como herdeira e protagonista da luta pela terra. II Festival de Artes do MST/PR

Publicado em 08/10/2013
1ª Conferência do II Festival de Artes das Escolas de Assentamento do Paraná debateu o papel da juventude nos processo de transformação da sociedade

 Cerca de 2000 jovens de diversas regiões do Paraná e de outros estados do Brasil se reuniram nesta segunda-feira (07), no Ginásio de Esportes do Tarumã, em Curitiba, para o início do II Festival de Artes das Escolas de Assentamento do Paraná. Além das atividades culturais e artísticas, centrais no evento, o início do festival também garantiu um espaço de reflexão e debate. 


 A primeira conferência, com o tema “A participação da juventude nos processos de transformação da sociedade” trouxe como convidados João Pedro Stédile, da Direção Nacional do MST e Thaille Lopes, do Coletivo Nacional da Juventude. Para os debatedores, a juventude do MST, ou seja, a 2ª geração de atores políticos do movimento, ao mesmo tempo em que é herdeira de uma história que envolve a luta pela terra, escola e cultura, também deve ser protagonista dos compromissos e das novas construções do MST e da classe trabalhadora. 


 “Vivemos um período de crise. Somos filhos de um processo de descenso das lutas, em que a organização dos trabalhadores está mais difícil. Mas ao mesmo tempo, somos filhos dos assentados, somos filhos dos acampados, somos filhos dos processos de conquistas da luta do Movimento Sem Terra”, diz Thaille Lopes. Para ela, criar uma geração de atores políticos é uma tarefa histórica do Movimento Sem Terra, pois isto significa criar um elo entre a experiência histórica da classe trabalhadora e o novo, aquilo que o MST está se propondo a construir.



Juventude e transformação Social 

 Stédile colocou a juventude como essencial no processo de lutas para a transformação social, apontando esta fase como momento em que se obtém conhecimento, se cria consciência de como funciona a sociedade e as relações sociais e também a fase que se tem um sonho de transformação aceso. E relembrou: “se vocês pegarem um livro do MST e olharem as fotos dos chamados ‘dinossauros’, verão que éramos todos muito jovens, estávamos nos nossos vinte e poucos anos. Foi dessa juventude que nasceu a coragem de fazer a ocupação de terra mesmo em uma época de ditadura militar, a coragem de enfrentar a policia. Dessa coragem da década de 80 que nasceu o MST”. 


 Buscando motivar os jovens presentes no evento, Stédile enfatizou o dia 07 de outubro, por ser a data de falecimento de Che Guevara, quando foi assassinado em uma pequena comunidade camponesa no período em que organizava a guerrilha na Bolívia. Lembrou que o guerrilheiro tinha 36 anos de idade quando foi fuzilado e que nesta época já havia participado das revoltas populares da Guatemala, da Revolução Cubana, de revoltas africanas, entre outras lutas. 


 “Quando você tem dúvida se está fazendo certo ou errado, mire-se no exemplo”, disse, mencionando o legado de Che Guevara para a juventude: primeiro, o amor ao estudo; segundo, a solidariedade; terceiro, a indignação diante de qualquer injustiça; quarto, o espírito de sacrifício; quinto, o valor do exemplo e, por último, a obrigação de organizar o povo. “Espero que vocês guardem no caderno e na memória esses cinco valores que o Che pregou com a sua vida. Eles não estão em nenhum discurso, mas em sua prática”, finalizou Stédile. 

 Participação consciente 

 Embora a condição do estudo tenha sido ponto de consenso para os debatedores, eles reforçaram o fator organizativo como central para a continuidade das lutas do Movimento Sem Terra, apontando principalmente a necessidade de produção de um trabalho coletivo em um momento em que o individualismo, a competição e o consumo se fazem valores muito fortes na sociedade. 

“Para que nós possamos construir um processo de luta da juventude que venha elevar o nosso nível de consciência, assim como melhor as nossas condições de vida, precisamos estar organizados. Trabalhar hoje com a juventude é fundamental para a construção de qualquer projeto de sociedade. Para nós, do Movimento Sem Terra, a juventude adquire uma centralidade política no nosso trabalho, não só como posição, mas como uma condição de continuidade da luta para a nossa organização no campo e na cidade”, afirmou Thaille Lopes. 


As falas trouxeram elementos para que os participantes pudessem debater o papel da juventude, colocando suas contribuições na conferência, após ter debatido o assunto em grupos. Os jovens presentes saíram com a tarefa de levar as novidades das experiências, debates e reflexões para os demais jovens que ficaram nos assentamentos e que não tiveram a oportunidade de participar do evento em Curitiba. 


Texto: Camilla Hoshino 
 Fotos: Joka Madruga About these ads 

fonte: http://festivaldeartesdara.wordpress.com/2013/10/08/a-juventude-como-herdeira-e-protagonista-da-luta-pela-terra/

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