quarta-feira, 25 de setembro de 2013

VIDEOPINIÃO ; Mino Carta comenta os rumos e julgamento do "Mensalão"; - Roberto Requião espinafra família Marinho (Os filhos e a Rede Globo)

Mino Carta comenta sobre a suspensão do julgamento do "mensalão"
Em seu vídeo-comentário da semana, o jornalista Mino Carta tece um relato a respeito da suspensão do julgamento do "mensalão", fazendo um apelo à verdade factual
REQUIÃO CHAMA OS FILHOS DE ROBERTO MARINHO DE MOLEQUES.
O senador Roberto Requião criticou nesta quinta-feira (26), no plenário, matéria publicada domingo passado (22) pelo jornal "O Globo" que fala de processos contra políticos brasileiros em tramitação no Supremo Tribunal Federal. Por conta do voto do ministro Celso de Melo, acatando a possibilidade de recursos dos réus do chamado "mensalão", o jornal afirma que quase uma centena parlamentares podem se beneficiar dos "embargos infringentes". A matéria lista o senador Roberto Requião mas não esclarece o conteúdo do processo que é movido contra ele. O senador que a matéria é um caso típico de sonegação de informação e que foi por causa disso que ele elaborou o projeto de Direito de Resposta, aprovado por unanimidade pelo plenário do Senado. A seguir, a comunicação feita por Requião

O MANIFESTO DE MINAS.


Lista de exigências dos manifestantes de Belo Horizonte.  Para que essa carta chegue a nossos "representantes políticos". A manifestação não tem líder, não tem partido, é a voz do povo falando alto)

Ao prefeito:


- Início imediato do planejamento e obra de ampliação do Metrô-BH
- Início imediato do planejamento e obras contra enchentes em período de chuva
- Explicações sobre o BRT; quais são as melhorias pra cidade? Porque demora tanto? Qual a explicação para o péssimo planejamento que levou a desmanchar trechos prontos?
- Investimento na infraestrutura e no equipamento dos hospitais e postos de saúde relacionados ao SUS.
- Simplificação da burocracia na Saúde Pública
- Aumento do salário dos professores
- Investimento na infraestrutura das escolas municipais
- Investimento em programas de educação extracurriculares
- Desprivatização do Transporte Público
- Diminuição da passagem do ônibus
- Oposição oficial de BH contra a PEC37
- Oposição oficial de BH contra o Estatuto do Nasciturno
- Oposição oficial de BH contra qualquer projeto de patologização do homossexualidade e afins

- Transparência máxima sobre os gastos públicos


Ao governador:

- Ajuda monetária às cidades para investimento em Saúde e Educação.
- Pressão sobre que o prefeito de Belo Horizonte cumpra nossas exigências
- Investimento na infraestrutura e no equipamento dos hospitais e postos de saúde relacionados ao SUS em toda Minas Gerais
- Simplificação da burocracia na Saúde Pública em toda Minas Gerais
- Investimento na infraestrutura das escolas estaduais em MG
- Investimento em programas de educação extracurriculares em MG
- Oposição oficial de MG contra a PEC37
- Oposição oficial de MG contra o Estatuto do Nasciturno
- Oposição oficial de MG contra qualquer projeto de patologização do homossexualidade e afins
- Oposição oficial de MG contra a violência em manife
stações
- Transparência máxima sobre os gastos públicos



À presidente:


- Pressão sobre que nosso prefeito e governador cumpram nossas exigências
- Liberação de verba pra que os estados e municípios cumpram nossas exigências com maior efeito
- Investimento na infraestrutura e no equipamento dos hospitais e postos de saúde relacionados ao SUS.
- Simplificação da burocracia na Saúde Pública
- Investimento na infraestrutura das escolas federais
- Anulação completa da PEC37
- Anulação completa do Estatuto do Nasciturno
- Anulação completa de qualquer projeto de patologização do homossexualidade e afins
- Posicionamento claro sobre as manifestações e as respostas policiais
- Explicação sobre os gastos exorbitantes com a copa do mundo, em detrimento de problemas sociais gritantes e antigos
- Formulação de leis anticorrupção e penas muito mais severas aos corruptos

- Transparência máxima sobre os gastos públicos.


Dizem que não existe espaço para a conversa por falta de um líder, um representante. A imensa maioria desses políticos tradicionais é que não nos representam. Façamos então essa mensagem chegar a eles!

sábado, 21 de setembro de 2013

FIDELIS ALCÂNTARA - UM JORNALISTA MINEIRO SEM MEDO DE CARETA (ALELUIA!) - A entrevista ao Programa Palavra Ética é de 04/07/2013, ainda no calor das MANIFESTAÇÕES, mas atual e esclarecedora.

Palavra Ética com Fidelis Alcântara, do COPAC e do Movimento FORA LACERDA.
 Fidelis  foi entrevistado na TV Comunitária de Belo Horizonte -- TVC/BH - www.tvcbh.com.br - no Programa Palavra Ética, sob coordenação de Gilvander Luís Moreira. Fidelis Alcântara é integrante do Comitê Popular dos Atingidos pela Copa e do Movimento FORA LACERDA. Fidelis se apresentou e fez uma análise sobre as Manifestações Populares de Junho de 2013, protagonizados em Belo Horizonte, MG, pela Assembleia Popular Horizontal.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

POLÍTICA E POLÊMICA: OS SANTOS QUE QUEREM SACRIFÍCIOS DE ANIMAIS?

Oluandeji *

RIO – Em três anos de existência, o projeto “Bicho Sagrado”, da ONG SOS Aves & Cia, recolheu 2.648 animais que seriam sacrificados em oferendas religiosas. Desses, 30 conseguiram sobreviver e estão hoje em um dos dois abrigos da ONG, em Saquarema e em Itaipava. O trigésimo bichinho salvo foi a galinha Beta, que teve uma asa amputada durante um despacho em Niterói.
— Não temos nada contra a religião de ninguém, mas torturar animais é crime tipificado na lei, passível de prisão e multa. É preciso saber o que é religiosidade e o que é crime de maus-tratos — afirma o presidente da ONG, o ambientalista Paulo Maia. 

 Segundo o capítulo cinco da Lei 9.605, matar animais é apenas permitido para saciar a fome, proteger lavouras e no caso de o animal ser nocivo ao ser humano. Para qualquer outra finalidade, é considerado crime. 


Para o axogum (sacerdote de Ogum) Marcelo Monteiro, diversas oferendas com animais encontradas em ruas e encruzilhadas são feitas por pessoas que não estão diretamente envolvidas com o Candomblé ou com qualquer outra religião tradicional de matriz africana. Segundo ele, no Candomblé, os sacrifícios são válidos apenas quando a morte do animal é rápida e a dor é minimizada. 


 — No sacrifício, a carne do animal sacrificado serve para nos alimentar, o couro serve para a produção de materiais, e assim por diante. Nada é jogado fora. O sacrifício é justamente para trazer toda a força vital do animal para nós, por meio principalmente do alimento — explica ele, que, por ser axogum, é uma das pessoas encarregadas de realizar sacrifícios durante os rituais. — Logo, dentro da nossa religião, é impensável deixar um animal morto abandonado numa rua. Só que existe um imaginário popular sobre as religiões africanas, que faz com que pessoas de fora das matrizes tradicionais passem a fazer oferendas que não seguem nossos preceitos. 


 De acordo com Monteiro, uma campanha de conscientização poderia ajudar a evitar maus-tratos de animais com o pretexto da realização de oferendas. Ele alega, no entanto, que a proibição de sacrifícios durante cultos religiosos seriam exemplo de intolerância.


 — O sacrifício de animais é parte fundamental da nossa religião e da nossa cultura. Tentar proibí-lo é um desrespeito ao estado laico e às tradições africanas. É intolerância religiosa. O que se pode fazer é levar conhecimento às pessoas para que elas saibam que existe momento e local certo para esses sacrifícios. Os mais de mil voluntários da SOS Aves & Cia, espalhados pelo estado, colecionam episódios em que, por um triz, deixaram de resgatar algum bichinho prestes a ser morto de forma dolorosa e sem finalidade. 


O presidente da instituição, Paulo Maia, conta que arrancou um pato negro — espécie legitimamente brasileira — das mãos de uma mulher, na porta do cemitério de Inhaúma, que se dizia incorporada por Cleópatra e pretendia decapitá-lo. O pato estava com o bico amarrado e com várias agulhas espetadas no corpo. Outro orgulho de Maia é um dos primeiros animais salvos, no início do projeto, em 2010: um bode encontrado sozinho em Itaipava com sete facas na cabeça. Surpreendentemente, ele conseguiu sobreviver ao ser tratado por veterinários da ONG. 


 — As pessoas precisam ter coragem de denunciar. Um bode agonizando em uma encruzilhada não é religiosidade, sob hipótese alguma. É crime e tem que ser punido — defende Maia. 


 Para denunciar abusos contra animais, basta clicar na aba “Denuncie” do site http://www.sosavesecia.org.br (a denúncia vai instantaneamente do site para o telefone dos voluntários da ONG) ou ligar para uma das unidades do Corpo de Bombeiros, que entram em contato com a SOS Aves & Cia. Todas as denúncias são anônimas. 


 Ato contra secretário de Defesa dos Animais Nesta terça-feira, uma outra ação relacionada com a proteção de animais acontecerá na Cinelândia. Integrantes do Movimento Para Salvar os Animais Cariocas marcaram para as 16h a quarta manifestação pedindo a exoneração de Cláudio Cavalcanti, secretário Especial de Promoção e Defesa dos Animais (Sepda). 


 Leia mais sobre esse assunto em:

 http://oglobo.globo.com/rio/movimento-tenta-impedir-sacrificio-de-animais-por-motivos-religiosos-9502814#ixzz2bwwROYps

Minha Opinião: Já está mais que na hora do nosso povo aprender identificar os que trabalham contra as religiões Afro Brasileiras, que estes políticos, Ongs e partidos possuem uma história de retrocesso contra a população Negra em sua plenitude cultural religiosa. Uma sugestão, vamos fazer campanhas contra este papa votos evangélicos e “protetores animais”, pois não temos que temer nosso ato do Alimento Sagrado, estamos protegidos por lei


 Por: Oluandeji AcordaFilhodeSanto 
 Fonte: http://religioesafroentrevistas.wordpress.com

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Os escrachos do Levante Popular da Juventude - 2013 -



No dia 30 de agosto, realizamos protestos em sete capitais brasileiras em frente à Rede Globo e afiliadas, pela democratização da comunicação. A ação que realizamos que ganhou maior repercussão nos escrachos foi jogar merda em frente às sedes da emissora. 

No dia posterior, as Organizações Globo lançaram na internet a sua confissão de culpa, em relação ao apoio que deu ao Golpe de 1964 e à Ditadura Militar.
Nesse sentido, apresentamos aqui as razões que levaram a nos manifestar dessa maneira: - Jogamos merda na Globo porque ela é ilegal e antidemocrática. A Globo é a representação máxima do monopólio das comunicações em nosso país, exercendo um poder absoluto na definição do que é verdadeiro e do que é falso, do certo e do errado, do que é legítimo e do que é ilegítimo no Brasil. Tal grau de concentração é incompatível com a Constituição de 1988, que proíbe expressamente o monopólio e oligopólio dos meios de comunicação. Um poder de controlar corações e mentes como o construído pela Globo jamais seria tolerado mesmo em países liberais.

 - Jogamos merda na Globo porque ela é manipuladora e faz censura. Está intimamente associada às forças conservadoras do Brasil. Sua trajetória está marcada por uma relação intrínseca com o sistema político vigente e com a classe dominante. Para tanto, a Globo manipula fatos, constituindo e desconstituindo presidentes de acordo com seus interesses e das frações de classe as quais representa. É notória a sua orientação editorial no sentido de criminalizar e deslegitimar a ação dos movimentos sociais e suas bandeiras populares.

- Jogamos merda na Globo porque ela é golpista. Foi o suporte ideológico do Golpe Militar de 1964. As Organizações Globo, como recentemente assumiu, foram cúmplices de um regime ditatorial que perseguiu, prendeu, sequestrou, torturou e assassinou milhares de brasileiros que lutaram pela democracia, mas que eram tratados como “terroristas” nas manchetes dos seus jornais. A Globo foi conivente com a maior marca de sangue que o povo brasileiro carrega em sua história.

-Jogamos merda na Globo porque ela foi beneficiada e construiu um império sobre a obra da ditadura assassina. Nunca assumiu que seu império só se formou a partir das vantagens que obteve por sua associação com as forças sociais, políticas e militares que sustentaram a ditadura. E por conta dessa parceria, até o final do regime ocultou as lutas por redemocratização – inclusive o histórico comício de São Paulo, em 1984, pelas Diretas Já – prolongando ao máximo a sua duração. Portanto, não cometeu um erro, mas um crime.

- Jogamos merda na Globo porque ela É contra as mudanças que o povo quer. Em seu editorial a Globo reafirma que era contra as Reformas de Base propostas por João Goulart. Interrompidas pelo golpe, essas Reformas até hoje não foram realizadas, na medida em que o povo permanece sem acesso pleno a direitos elementares. A Globo é um dos principais entraves para o avanço nas necessárias reformas estruturais no Brasil, como a Reforma Educacional e Política.

-Jogamos merda na Globo porque ela é hipócrita. A Globo é propriedade da família mais rica do Brasil. Os filhos de Roberto Marinho somam um patrimônio de R$ 51 bilhões. Ao mesmo tempo, a Globo deve ao Estado brasileiro R$ 615 milhões, somando os impostos que sonegou na compra dos direitos de transmissão da Copa do Mundo de 2002 e as multas que recebeu da Receita Federal. Ou seja, suas empresas de comunicação atuam como agente moralizante da sociedade brasileira (julgando e denunciando desvios de verbas públicas) e promovem ações voltadas para “inclusão social”, enquanto acumulam o maior riqueza familiar do país e sonegam impostos.

-Jogamos merda na Globo porque ela joga merda na gente. A Globo contribui decisivamente para a formação de um visão de mundo conservadora, alienada e discriminadora. Sua programação está repleta de narrativas que degradam o papel da mulher, que invisibilizam a população negra e estigmatizam os homossexuais. A Globo representa também o monopólio da arte, da música e do cinema no Brasil, atuando como um torniquete que impede acesso, difusão e produção das expressões culturais mais genuínas do povo brasileiro. A emissora transformou um dos maiores patrimônios do país, o futebol, em um ativo no mercado publicitário, controlando desde a direção da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) até os horários dos jogos.

-Jogamos merda na Globo para quebrar um pacto de silêncio que existe sobre o seu Império, pois a maior parte das forças políticas, seja por cumplicidade ou por medo de se desgastar politicamente com a emissora, não questiona o seu poder. Da mesma forma, o governo federal, em nome desse pacto, silencia quanto à regulamentação dos meios de comunicação e continua alimentando essa máquina de recursos por meios das verbas publicitárias dos ministérios e empresas estatais.

-Jogamos merda na Globo pois a merda é a representação do que há de mais sujo e repugnante. É aquilo que deve ser descartado. Ao mesmo tempo, a merda fertiliza e pode fazer nascer algo novo, como a confissão de culpa que a empresa assumiu por ter apoiado a ditadura durante 21 anos. Como poderá fertilizar a regulamentação e a efetiva democratização dos meios de comunicação. Somente com atos dessa natureza seria possível expressar a necessidade urgente de democratizarmos a comunicação em nosso país. Assim como a luta por Memória, Verdade e Justiça, que pautamos a partir dos escrachos aos torturadores, a luta pela democratização da comunicação é uma etapa fundamental para consolidarmos o processo de redemocratização da sociedade brasileira até hoje inacabado. Não descansaremos enquanto esses objetivos não forem alcançados. Pátria Livre, Venceremos! 1º de setembro de 2013 Levante Popular da Juventude

Em dezembro de 2012, na 18ª edição do Prêmio Direitos Humanos 2012, promovido pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos da Presidência da República, o Levante Popular da Juventude foi o escolhido na categoria de Menção Honrosa. Está explicado no site oficial que este “prêmio consiste na mais alta condecoração do governo brasileiro a pessoas físicas ou jurídicas que desenvolvam ações de destaque na área dos Direitos Humanos”.

A homenagem ao Levante foi em razão da série de esculachos (ou escrachos) que esse coletivo organizou contra torturadores e agentes da repressão da ditadura militar (1964-1985) por diversos estados do Brasil. Outros grupos, como a Frente pelo Esculacho Popular, também têm promovido ações dessa natureza. Os participantes desses movimentos se reúnem para denunciar e expor publicamente, sobretudo aos vizinhos, a participação dos torturadores da ditadura militar que não foram processados por seus crimes pelo sistema de justiça e que até hoje estão impunes.

Essas manifestações acontecem há mais tempo no Chile e na Argentina, mas foram interrompidas a partir do momento em que o Poder Judiciário passou a processar penalmente os criminosos das ditaduras. E isso não se deve ao acaso, pois o escracho se coloca, justamente, como um sintoma da incapacidade das instituições do Estado em corresponderem às exigências éticas de uma sociedade que não mais se cala diante das graves violações aos direitos humanos.

Em maio de 2012, o Levante promoveu o esculacho de um torturador apontado como um dos responsáveis pelo desaparecimento do ex-deputado Rubens Paiva. Marcelo Rubens Paiva, filho desse desaparecido político, escreveu um texto sobre os escrachos (http://blogs.estadao.com.br/marcelo-rubens-paiva/valeu/). O título é “Valeu” e começa:“Sensação estranha essa. O que você faria se soubesse do endereço do militar responsável pela tortura e morte do seu pai? E que ele circula pelo bairro livremente? E termina: “Bacana. Criativo. Justo. Obrigado, garotada. A família agradece”.

Criatividade e justiça dão o tom e o sentido do Levante e dos outros movimentos similares. O mote central que inspira essa forma de ação política é a omissão do Estado brasileira em fazer justiça e revelar a verdade sobre os acontecimentos mais violentos da ditadura. Por isso, enquanto os que cometeram os crimes mais bárbaros durante esse período não respondem judicialmente pelos seus atos, o Levante se organiza para apontar à comunidade que ali naquela rua, naquele bairro, vive (tranquilamente?!) alguém que torturou, matou ou fez pessoas desaparecerem. É um recurso extremo, mas democrático e legítimo, especialmente porque rompe com a cultura do silêncio e do esquecimento.


O mais interessante é que não há nenhum tipo de confronto físico ou de violência, elementos que poderiam desqualificar essas ações perante a sociedade, ao reduzi-las ao mero revanchismo. Na verdade, essas manifestações pacíficas e simbólicas, que articulam muito bem política e estética, são pressões na luta pela construção de uma memória democrática e comprometida com os direitos humanos.

Por um lado, os escrachos buscam visibilizar aqueles que historicamente vêm se escondendo sob a proteção de leis e instituições herdadas da própria ditadura, como a Lei de Anistia; por outro, essas ações são formas de restituir às vítimas o devido reconhecimento a que têm direito, acolhendo socialmente suas dores e chamando a atenção de setores da sociedade que não guardam relação direta com essa temática. Essas ações são também educativas/esclarecedoras para uma grande parcela da população brasileira que sequer sabe (ou quer saber) o que aconteceu no passado tão recente.

No contraponto entre indiferença e ações como a do Levante, nota-se que a verdade sobre os acontecimentos mais nefastos da nossa ditadura vem ganhando, a cada dia, mais força. Do ponto de vista jurídico, a verdade tem sido tratada como um direito coletivo, que pode ser exercido inclusive pelos que nem eram nascidos no tempo em que a violência fora cometida. E isso é bem claro quando Marcelo Rubens Paiva afirma ser justo que outros, os do Levante, revelem o que foi feito a seu pai e à sua família, porque esses crimes importam (ou deveriam importar) à sociedade.

Esse tipo de responsabilização social e histórica é, do ponto de vista cultural, importantíssima para a efetiva democratização do nosso Estado e da nossa sociedade civil. Mas torcemos para que esse papel que o escracho cumpriu em 2012 seja cada vez menos necessário, com a esperança de que, em 2013, o Brasil cumpra seus deveres internacionais de processar criminalmente os responsáveis pelos crimes da ditadura de 1964, deveres estes bem explicitados na decisão do “Caso Araguaia”, proferida pela Corte Interamericana de Direitos Humanos.

Se a Justiça e o Estado de Direito se mostrarem, nesse novo ano, comprometidos com o aprofundamento da democracia brasileira, esses movimentos poderão assumir outras tarefas ainda pendentes da nossa democracia. E são tantas tarefas, que nem arriscamos apontar algumas...

Inês Virginia Prado Soares é doutora em Direito pela PUC/SP, Procuradora Regional da República e membro do IDEJUST (Grupo de Estudos sobre Internacionalização do Direito e Justiça de Transição).

Renan Honório Quinalha é doutorando em Relações Internacionais pela USP, assessor da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva” e também membro do IDEJUST.



Marcha nas ruas de Belo Horizonte dia 26 de junho de 2013: 

9° Acampamento Estadual do Levante Popular da Juventude.
Veja também: http://levantepopulardajuventude.blogspot.com.br/
                        https://www.facebook.com/levantepopulardajuventude

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Médicos cubanos ao Brasil - Com o apoio do POVO e do CQC - Veja a reportagem completa com depoimentos.

Médicos cubanos atuarão num Brasil do século passado

FELIPE BÄCHTOLD
DE PORTO ALEGRE
LUCAS REIS
DE MANAUS - 04/09/2013 - 03h50

Ouvir o texto Os 206 municípios que receberão os primeiros profissionais de Cuba vivem realidade próxima à do Brasil do final do século passado. 

 Esses municípios --ontem, o governo informou que 91% dos 400 cubanos que já chegaram irão para o Norte e o Nordeste-- têm indicadores socioeconômicos abaixo da média nacional do ano 2000. 

 Na Bahia, consultório médico só tem mesa e três cadeiras Em renda, são ultrapassados até pela média aferida em 1991, segundo dados do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), da ONU. 

 São cidades com limitações orçamentárias, geralmente distantes de metrópoles e com grande população na área rural. Integram um total de 701 municípios que devem receber os médicos de Cuba até o final deste ano. 

Somadas, essas centenas de cidades abrigam 11 milhões de pessoas, ou 5% da população brasileira. Um retrato da precariedade é o índice de mortalidade infantil. Enquanto o país conseguiu reduzir suas taxas em 50% na última década, no grupo de 701 cidades o nível segue próximo da média nacional do ano 2000.

 São locais como Ipixuna (AM), de 22 mil habitantes, que tem o 12º pior IDH do país. "A cidade é isolada. É um sacrifício enorme atrair médicos", diz o secretário de Saúde, Rogério Araújo.

 LEILÃO No interior baiano, a estrutura à espera dos cubanos em unidades visitadas pela reportagem conta com poucos recursos, além de estetoscópios.

 O sanitarista Carlos Trindade, diretor da Fundação Estatal de Saúde da Bahia, diz que as cidades pequenas vivem uma "competição predatória" por profissionais.

 Não têm recursos para atrair equipes ou são preteridas porque prefeituras vizinhas oferecem ilegalmente carga horária flexível.

 Estado com a pior proporção de médicos do país, o Maranhão é o terceiro com mais cidades entre as 701 que devem receber cubanos --atrás de Piauí e Bahia (veja quadro). O Estado tem 0,5 médico para cada mil habitantes --o mesmo índice do Iraque.

 O presidente do Conselho Regional de Medicina maranhense, Abdon Murad, diz que faltam "condições de fazer medicina" no interior. "Não tem laboratório, raio-x, ultrassom, equipe de saúde. Como vai resolver?"

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br